Moradia irregular

Reintegração de posse desaloja famílias na Cohab Tablada em Pelotas

Dezenas de pessoas, entre idosos, adultos e crianças, viviam irregularmente na área que pertence ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Jerônimo Gonzalez -

Uma ação de reintegração de posse custou a moradia de mais de 50 pessoas, nas imediações da Cohab Tablada em Pelotas. Dezenas de famílias construíram casas no espaço de aproximadamente um hectare, de propriedade do governo federal. Esta não é a primeira vez que o local é ocupado irregularmente. Conforme a vizinhança, a área não era aproveitada há cerca de 20 anos. Até a chegada das famílias, o lugar seria ponto de tráfico e uso de drogas, além de concentração de entulho.

Por volta de 7h desta quarta-feira (23), quando a Brigada Militar chegou ao endereço, as famílias começaram a juntar as malas para deixar as casas. A rua foi tomada de panelas, roupas e brinquedos encaixotados ao lado de geladeira, armário, cama e fogão. O capitão do 4º Batalhão de Polícia Militar (BPM), Fábio Mendonça, que comandou a ação, disse ter dado tempo de pouco mais de uma hora para que as pessoas pudessem se organizar sem deixar pertences para trás. "Eles já haviam sido informados que haveria a reintegração", salientou. A operação foi apoiada pelo Corpo de Bombeiros, o Conselho Tutelar e por equipes de Pelotas e Rio Grande do Pelotão de Operações Especiais (POE).

Enquanto uma retroescavadeira literalmente destruía a estrutura dos chalés, um muro de madeira era erguido para bloquear o acesso à área. Do outro lado do muro, indignação. A maioria dos homens das famílias não assistiu à cena. Cerca de dez mulheres - jovens, em maior parte - acompanharam o desdobramento da reintegração. "Eles trouxeram até os cachorros… Parece que a gente é criminoso", desabafou Alice Dutra, 26. Desempregada e mãe solteira, ela aguarda há mais de quatro anos por resposta do Minha Casa Minha Vida - para 2015, o programa somava 13 mil inscritos contra 1,4 mil unidades. Agora sem onde viver, ela e a filha devem estar de volta à casa de familiares.

A estudante Brenda Alves, 19, novamente fará da garagem da sogra sua casa. Durante os últimos seis meses ela morou com a família em um chalé que construíram no terreno. De acordo com a jovem, em um período que o espaço esteve desocupado, a comunidade chegou a encontrar uma balança de precisão e alguma quantidade de droga enterradas. "Esse lugar só juntava lixo, a gente arrumou tudo. É um direito nosso lutar por um pedaço de terra."

Relembre
Em 2014, quando foi realizada uma das reintegrações de posse no local, as famílias buscaram apoio da prefeitura e da Câmara de Vereadores, embora a área seja do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). No período, a então secretária de Justiça Social e Segurança (SJSS), Clésis Crochemore, comprometeu-se em averiguar as condições sociais em que vivia o grupo. Entretanto, o atual titular da pasta, Luiz Eduardo Longaray, afirma desconhecer tratativas relacionadas à comunidade. O secretário de Habitação do município, Ivan Vaz, preferiu não se pronunciar sobre o assunto.

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